Projeto de extensão: Identidade nacional e decolonialidades
O Laboratório Antígona de Filosofia e Gênero promoverá, no ano de 2018, através do Edital RUA, o projeto de extensão “Identidade nacional e decolonialidades”. Interessados em integrar a equipe de pesquisa devem realizar a pré-inscrição para seleção no e-mail lab.antigona@gmail.com
Seleção de bolsistas: 08/02/2018
Seleção de extensionistas: até 15/03/2018
Resumo da Proposta:
Pretendemos discutir a formação da identidade cultural brasileira a partir de uma perspectiva decolonial, situando o Brasil e a América Latina contemporâneos como frutos de uma forma de governamentalidade e produção de saber eurocêntrico-colonialista que, embora se sofistique e contextualize em cada oportunidade, produz segregações e diásporas econômicas e socioculturais: étnicas, raciais, sexuais, generificadas e de produção de classes. Pensando com as feministas pós-estruturalistas e Foucault, enxergamos a eficácia e o funcionamento dessa governamentalidade na produção do saber, na ingerência sobre os corpos, sexualidade e mentalidades individuais para a partir desses alcançar o controle do corpo social. Somamos a essas leituras as contribuições de pensadoras/es do “giro decolonial”, argumentando que a hierarquização e subalternização diaspórica dos povos latino-americanos e de determinados segmentos sociais é a própria colonialidade em vigência.
Contribuindo para uma visão crítica do conhecimento e das relações sociais, como proposto na LDB 9394/96, nosso objetivo é problematizar a violência simbólica e material que subalterniza as vozes dissidentes, voltando-nos, principalmente, a professores da educação básica e licenciandos. Apresentaremos algumas teses sobre a produção da identidade nacional, conforme aparece em autores/as como Jessé de Souza, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, mas também Enrique Dussel, Aníbal Quijano e María Lugones.
A metodologia será estruturada em debates e aulas abertas ao público, onde objeto de análise será constituído por obras literárias e filmográficas que tipificam o imaginário social brasileiro, procurando, através de uma leitura crítica, formas de autorrepresentação que confrontem o pertencimento das personagens a grupos minorizados e/ou segregados.
Palavras-Chave:
Subalternidade, identidade, cultura, colonialidade, governamentalidade.
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Eles não usam black-tie. Direção: Leon Hirszman. Embrafilme, 1981.
Eternamente Pagu. Direção: Norma Benguell. Embrafilme, 1988.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo. Rio de Janeiro: Ática, 2014.
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SANTOS, Joel Rufino dos. Na rota dos tubarões. Rio de Janeiro: Pallas, 2008.
Última Parada 174. Direção: Bruno Baretto. Paramount Pictures, 2008.
SOUZA, Jessé. A Elite do Atraso – da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017.
Curso de extensão
Mad Max na estrada
Teatro das oprimidas
Mulheres nos quadrinhos
Idade, raça, classe, e sexo: mulheres redefinindo a diferença – Audre Lorde
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